sexta-feira, dezembro 14, 2007

O fim do começo

No fim do ano sempre bate aquela sensação de que um ciclo se fecha e outro se abre. Mera suposição, pois os dias continuam trotando em seu marchar de relógio. Não há sinal natural de que as coisas vão mudar, ou que o dia vai raiar de uma forma especial. Algo apenas cultural. Trezentos e sessenta e cinco dias marcados como um período de vida significativo. Mas existem alguns aspectos culturais que produzem efeitos humanamente fundamentais: a sensação de renovação é esplendorosamente instigante, mesmo que tenha se dado fim a um passado demasiadamente rico de lembranças que construíram o que se chama de felicidade. Outra falácia. O passado sempre volta, seja pra nos assombrar, seja para nos fazer sorrir, seja apenas pra mostrar que existe presente-passado. Como ciclos, brincam com a precisão e rodopiam nossos sentimentos.

E, ui, quase nunca estamos preparados.


Monique Mendes

sábado, dezembro 08, 2007

Não deu bode, deu Bodas!

Nesse momento de festividade, gostaria de registrar a história de uma flor bastante significativa para esta família: chama-se Sorriso de Maria. Uma flor que lembra palmas na porta de casa, que recorda o gosto de pão na boca, que traz o sorriso de uma Maria que alimentaria seus filhos diante de tanta adversidade.

Hoje, ofereço essa flor ao meu eterno jovem militar Woston e à minha querida fada madrinha Maria como um símbolo de vitória, pois nada como uma flor que proporcionou tantos sorrisos para demonstrar que conviver é aguar todos os dias as relações que construímos, para que elas floresçam ampliando os jardins de nossas vidas.

Vocês foram fiéis jardineiros, enfrentando os mais duros sertões, construindo esse meio século de Família Mendes.

Parabéns, voinho e voinha, amo vocês!


Monique Mendes

*homenagem prestada aos meus avós em suas Bodas de Ouro (15 de setembro de 2007).


quinta-feira, dezembro 06, 2007

Máquina quase humana

A ferida está aberta no peito, e nem sei qual remédio cicatriza. Também não procurei na lista de médicos conveniados do meu plano de saúde qual deles seria o especialista. Só sei que tenho me automedicado paliativamente com possíveis e raras desventuras de um corrido e produtivo dia-a-dia. Como um ansioso escafandrista, mergulho em livros, códigos e obrigações que me consomem por inteira, não permitindo, por um segundo sequer, duvidar que sou apenas uma potente e rendosa máquina.

Desafortunadamente, tenho relances de humanidade, em que minha alma pulsa e a cabeça decodifica os sentimentos em letras seqüenciais com lógica. Uma explicação quase humana, digitadas por dedos quase mecânicos, mas proveniente de um coração, inadvertidamente, longe da pedra.

Monique Mendes

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Excentricidades

Olá Sr. Padre,

na falta de minha psicóloga, procuro o senhor para me confessar.
Essa semana estive pensando que, apesar de discordar de muitas idéias dos romanos, concordo com Ulpiano, aquele jurista, quando ele diz que os desejos humanos são ambulatórios.

Sabe, padre, percebi que em cada época de minha vida, vesti um tipo de roupa, mesmo sem acompanhar a moda. Tive hábitos diferentes, mas lógico que sempre incluindo o banho e a escova de dente. Era fissurada por determinados programas, que depois passaram a não mais fazer parte dos meus fins de semana. Varei noites conversando com pessoas, mas depois o tempo as levou para outras canoas. E o que ficou em mim, padre, se tudo é tão rápido, ansioso, volátil, se tudo passa, se tudo se esvai?

Dez segundos depois...

Deixa, padre, não quero mais saber nada sobre isso não. Nem precisa me responder, tá? Que baboseira a minha ficar pensando sobre essas coisas existenciais...Quero me confessar de outra coisa agora, e é picante!

Monique Mendes

terça-feira, novembro 20, 2007

Dias Kamata

Num janeiro de festas, apareceste de repente
Conseguindo juntar “anyway” com “oxente”
Compondo essa mistura de ingenuidade e boemia,
Com essência de poeta cult
E ares de cangaceiro de sertania.

Dentre muitas diversões,
Elucubrou sobre Zaratustra e suas ideologias
Devolveu a minha audição aos violões
Entonando as mais belas melodias

Ainda,
Filosofou sobre a naturalidade perdida
E, no mundo dos tolos,
Finalmente, senti-me compreendida.

E a compatibilidade trouxe o calor
Daqueles que alumia, conforta e contagia
E o que era apenas amizade tornou-se amor
Fazendo brilhar meus olhos mesmo quando apenas sua voz ouvia.

Monique Mendes